14.3.07

Déjá Vu


Na volta...o correspondente resolveu ficar...e eu?!Eu o felicito...mas, ao mesmo tempo, o considero um fraco, um covarde...pois seu lugar era aqui...escrevendo...escrevendo...ele me disse que não podia mais...eu lhe disse para tentar...ele me justificou que era muito doloroso esse trabalho de ser "um correspondente"...de ser "o correspondente" de tantos momentos...tantas idéias que estavam nessa minha cabeça confusa, nostálgica... "además gitana"...
Enfim, eu tive que voltar...por vários motivos estou aqui...nao sei se preparada...na verdade, acho que nunca estamos preparados para voltar...para ir...para sofrer...para escrever, ou seja, para mudar qualquer tipo de realidade...é um impulso...uma necessidade quase física...eu só sinto que minha cabeça vai explodir se nao colocar todas essas "coisinhas" para fora...se nao me libertar de mim mesma de alguma forma...
Me sinto como essa gaivota que prestes a levantar vôo, grita...dolorosamente...intensamente...que sente todos os seus músculos(inclusive e principalmente o coração) articularem um choro preso entre seus tendões, entre suas aurículas...tu sentes que a gaivotinha alguns momentos antes estava ali...feliz...tranquila...porém, algo treme...é como se chegasse alguém muito perto e ela se sentisse amedrontada e tivesse que gritar e partir para nao ser "tocada"...
Meu instinto me joga agora para longe...as recordações vao alimentar para sempre meu vôo sem escalas...essa ausência "presente" de tantas sutilezas...de tantos toques...essas canções tão "íntimas" me levam para o paraíso e para o inferno no intervalo de meio segundo...fotografar outros olhos preenche a falta "daqueles" olhos...escrever liberta minha energia, minha dor...esse nó na garganta...a "poesia e a tragédia" representam minha vida...sou assim...de extremos...ou tudo ou nada...um dia Neruda, outro dia Ésquilo...ou eu mato o amor ou ele me mata...ou eu fico e sofro ou eu vôo e vivo...
Decidi voar...claro...sempre...mas nao vôo para fugir...se eu fugisse matava "esse amor"...seria como o tal do correspondente covarde...eu nao quero ser assim...quero esse fogo bem vivo dentro de mim...por isso, vôo bem alto...muito alto...escrevo bem claro...muito claro...só para provar para mim mesma que posso estar nas estrelas e ao mesmo tempo morrer de amor...e morrer do que quer que seja sem medo de sofrer...é...é...eu sei...mas, por "esse amor" vale a pena morrer...vale a pena confessar...vale a pena escrever...vale a pena sofrer...ahhh....até aquele ponto limite onde de tanto fugir de mim, esse "meu amor" me prove o contrário...